O que é o Evangelho do Reino? - Parte 3

Luciano Motta

Falamos inicialmente, com relação ao Evangelho do Reino, sobre as dores dos últimos dias, prenunciadas por Jesus em Mateus 24. Também meditamos sobre a tensão JÁ e AINDA NÃO do Reino de Deus — comece a leitura pela parte 1.

Refletimos também sobre que tipo de “evangelho” vem sendo pregado nos cultos, na mídia, nas conversas, no testemunho diário... Será que a proclamação do evangelho aos perdidos continua centrada em Cristo e em Seu Reino? Ou “alguns ajustes” estão sendo permitidos na mensagem para se atender às demandas contemporâneas, mesmo negligenciando o que de fato corresponde ao Evangelho do Reino? — leia agora a parte 2 desse artigo.

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A palavra grega evanggelion, traduzida como “evangelho” em português, significa “boas novas”. O Evangelho é, portanto, uma boa notícia: algo extraordinariamente bom e incomparável aconteceu na terra e mudou radicalmente o destino da humanidade. Após a queda do homem, no Éden, Deus já prenunciava Seu plano de redenção: “Porei inimizade entre ti [a serpente, satanás] e a mulher, entre a tua descendência e descendência dela; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3.15). A Lei, os salmos e os profetas anunciaram o advento Daquele que esmagaria as obras das trevas e restauraria todas as coisas.

Estávamos separados de Deus em nossos delitos e pecados (“Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”, Romanos 3.23) e, por isso, condenados à morte (“o salário do pecado é a morte”, Romanos 6.23). Porém, em Cristo, fomos redimidos, justificados e novamente reconectados a Deus (“sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça”, Romanos 3.24-25).

Sim, a justiça foi feita – Cristo levou sobre si o castigo que a nós era destinado; Ele morreu na cruz em nosso lugar, derramando Seu sangue precioso (“Na sua paciência, Deus deixou de punir os pecados anteriormente cometidos; para demonstração da sua justiça no tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus”, Romanos 3.25-26). A condenação foi removida (“agora já não há condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”, Romanos 8.1-2). Hoje, todo aquele que um dia se arrependeu dos seus pecados e creu em Cristo Jesus como Senhor e Salvador, tem a vida eterna (“o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”, Romanos 6.23).

Veja como o Evangelho é centrado no que Cristo fez e não no que nós temos de fazer. Muitas vezes, a igreja contemporânea confunde o Evangelho com métodos para se chegar a Deus quando, na verdade, foi Ele quem veio até nós. Ou então valoriza demasiadamente os efeitos do Evangelho na vida das pessoas (especialmente os ganhos financeiros, no caso da teologia da prosperidade) e perde o fascínio pelo próprio Cristo e Sua obra redentora.

Mas a boa notícia do Evangelho nos conduz a uma resposta: arrependimento! O que João Batista anunciava antes de o Messias aparecer ao mundo? “ARREPENDEI-VOS, porque está próximo o reino do céu” (Mateus 3.2). Quando Jesus iniciou seu ministério, logo após passar pelas águas do batismo e ser tentado no deserto, o que Ele pregava? “ARREPENDEI-VOS, porque está próximo o reino do céu” (Mateus 4.17). Em Pentecostes, depois da descida do Espírito Santo sobre a igreja primitiva, Pedro exortou os judeus: “ARREPENDEI-VOS, pois, e CONVERTEI-VOS, para que os vossos pecados sejam apagados, de modo que da presença do Senhor venham tempos de refrigério, e ele envie o Cristo, que já vos foi predeterminado, Jesus. É necessário que o céu o contenha até o tempo da restauração de todas as coisas, sobre as quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio” (Atos 3.19-21).

A mensagem do Evangelho só faz sentido aos perdidos quando quem a anuncia já mudou sua forma de pensar (se arrependeu) e voltou o coração (se converteu) integralmente a Deus. Quem anuncia as boas novas anda em novidade de vida – seus dias na terra dão bom testemunho de todas as maravilhas que Cristo fez e tem feito.

Retornando às palavras de Jesus em Mateus 24.14: “E este evangelho do reino será pregado pelo mundo inteiro, para testemunho...” Aqui, a palavra "pregar" refere-se à proclamação pública de um ARAUTO, um oficial do rei, um mensageiro, alguém que defende uma causa. O arauto é uma autoridade que anuncia uma mensagem de paz ou de guerra, uma palavra com peso de gravidade e urgência, que deve obedecida por todos que a escutam. O arauto reproduz fielmente as ordens do rei. Em suas vestes há insígnias reais que dão autoridade e autenticidade a sua proclamação. Em outras palavras: as pessoas que proclamam o Evangelho vão além das palavras; são cristãos que se tornaram um discurso encarnado – vivem a dimensão JÁ do Reino. A mensagem que carregam e anunciam é inseparável de seu estilo de vida.

Que experiência formidável é estar com pessoas assim, ouvi-las, conviver com elas, ver como elas cuidam da casa, da família, dos filhos! Que impacto esses arautos dos últimos dias têm produzido na sociedade enquanto estão na escola ou no trabalho, enquanto empreendem e administram seus negócios, enquanto desenvolvem suas vocações ministeriais! Todo aquele que verdadeiramente proclama o Evangelho é alguém que se arrependeu dos seus pecados e se converteu a Jesus; é uma pessoa que não vive mais para si, mas por causa de Cristo e para Cristo (2 Coríntios 5.15); é um cristão autêntico, coerente com a mensagem que anuncia, seja em palavras, seja com suas atitudes. São formosos os pés dos que anunciam boas novas (Romanos 10.15).

A ênfase do Evangelho do Reino é uma boa notícia: Cristo está voltando e instaurará tempos de refrigério e restauração. O Rei-Noivo-Juiz se unirá a Sua Noiva, a Igreja Gloriosa, sem macha, ruga ou mácula, idônea ao Noivo (Efésios 5.27), e estabelecerá plenamente o Seu Reino na terra. Esse extraordinário acontecimento é a firme esperança daqueles que foram alcançados e transformados pelo amor de Deus em Cristo.

Ter essa perspectiva do presente e dos dias que estão por vir afeta tudo que somos, tudo que fazemos em nossas vidas. O apóstolo João viu esse dia: “Alegremo-nos, exultemos e demos glória a ele, porque chegou o momento das bodas do Cordeiro, e sua noiva já se preparou” (Apocalipse 19.7).

Os dias são maus. As dores aumentam na terra. Enquanto é dia, devemos nos preparar e abastecer nossas lâmpadas (Mateus 25), pois densas trevas se aproximam! É tempo de nos fortalecermos em Cristo e nos firmarmos Nele, conforme nos advertiu: “Cuidai de vós mesmos; não aconteça que o vosso coração se encha de devassidão, embriaguez e preocupações da vida, e aquele dia vos surpreenda como uma armadilha, porque ele virá sobre todos os que habitam na face da terra. Vigiai, pois, orando em todo o tempo, para que possais escapar de todas essas coisas que haverão de acontecer e ficar em pé na presença do Filho do homem” (Lucas 21.34-36).

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