É por Cristo que estamos aqui

Luciano Motta

"Irmãos, quero que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para o avanço do evangelho" (Filipenses 1.12).

Chegamos ao fim do ano de 2019. É um tempo de avaliarmos as coisas que nos aconteceram.

Na vida de Paulo, o que aconteceu? Qual é o contexto aqui?

Podemos considerar toda a trajetória de Paulo e os sofrimentos que passou por amor de Cristo e do Evangelho, muito bem relatados por ele mesmo em 2 Coríntios 11.16-28. Foram inúmeros trabalhos, prisões, chicotadas, perigos de morte, naufrágios... Contudo, especificamente no tempo em que foi escrita a epístola aos Filipenses, Paulo estava preso em Roma. Deviam estar mais frescos em sua memória os acontecimentos recentes:

Sua prisão em Jerusalém (Atos 21), uma série de interrogatórios (Atos 22 a 26), até sua apelação a César, para ser julgado como cidadão romano. Paulo foi levado até a Itália (Atos 27), mas a viagem foi marcada por muito sofrimento: ventos contrários, uma grande tempestade — a pior época do ano para se navegar pela rota escolhida. O barco naufragou. Passaram dias e dias em botes salva-vidas — praticamente duas semanas inteiras sem comer! Um anjo apareceu a Paulo e o consolou: “Paulo, não temas! É necessário que compareças perante César, e Deus te deu a vida de todos os que navegam contigo” (Atos 27.24).

Paulo chegou a salvo na ilha de Malta (Atos 28), onde foi mordido por uma serpente (aqui, o senso de humor de Deus é evidente): “Mas ele, sacudindo a serpente no fogo, não sofreu mal nenhum” (Atos 28.5). Ainda em Malta, Paulo orou pelo pai do homem que o recebera — e depois orou por todos os doentes da ilha. Todos foram curados (Atos 28.9). Foram mais alguns dias de viagem pela costa até finalmente chegarem a Roma. Lá, o centurião entregou os prisioneiros ao general do exército, mas permitiu-se que Paulo morasse à parte, sob a guarda de um soldado (Atos 28.16).

Um parêntesis: Prisioneiros "sob a guarda" estavam sempre acorrentados a um soldado. A cada quatro horas revezava o soldado, que podia descansar. Mas o prisioneiro não tinha descanso.

Paulo estava nessas condições em Roma. Mas nada o impedia de dar testemunho do Evangelho.

Voltemos à epístola aos Filipenses:

"Irmãos, quero que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para o avanço do evangelho; a tal ponto de ficar claro para toda a guarda pretoriana e para todos os demais que é por Cristo que estou na prisão" (Filipenses 1.12-13).

Para o apóstolo, as coisas que aconteceram "contribuíram para o avanço do Evangelho". A guarda pretoriana que o escoltava dia e noite, e todos os demais presos e pessoas que o viam naquelas condições de privação, não tinham dúvidas: "é por Cristo" que Paulo estava preso.

É POR CRISTO QUE ESTAMOS AQUI — não importa como você e eu estejamos hoje, agora.

E por que Deus não levou Paulo solto pra Roma? Por que sofrer naufrágio, ser surrado na prisão, ficar acorrentado por um soldado da guarda pretoriana?

"E, animados pelas minhas prisões, a maior parte dos irmãos no Senhor tem muito mais coragem para falar sem medo a palavra de Deus" (Filipenses 1.14).

Esse homem preso é um exemplo para a igreja de Roma do que é SER UMA TESTEMUNHA. Paulo não apenas levou a mensagem – se tornou o exemplo vivo da mensagem. Veja bem: não é o Paulo do começo, é o que carrega UMA HISTÓRIA:

- Um homem com profundidade em Deus e na vida da igreja.
- Uma semente para as coisas que estavam por vir: os gentios – eu e você!

Os irmãos olharam para Paulo e foram encorajados: dá pra subir o nível, dá pra ser mais crente do que sou, dá pra encarar as autoridades romanas e a perseguição!

Não é por acaso que dois ou três anos depois de Paulo escrever essa carta, Nero começou a queimar cristãos nas ruas de Roma. Os irmãos que leram a carta aos Romanos e que presenciaram o testemunho de Paulo em cadeias entregaram suas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus nas ruas de Roma. A igreja naquela cidade sofreu anos de trevas e perseguições... até que no século II quase toda a cidade de Roma se tornou cristã. A igreja de Roma se tornou o mandamento que Jesus deixou: "Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra" (Atos 1.8).

"...com toda a ousadia, tanto agora (lembrando que no momento em que escreve a carta, Paulo está preso) como sempre, Cristo será engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Filipenses 1.20,21).

Paulo sabia que seus dias estavam chegando ao fim, mas o que importava para ele era CRISTO SER ENGRANDECIDO.

Em 2020, se há uma resolução que podemos ter para o ano novo, se há um voto que podemos firmar diante de Deus, é: SEREI UMA TESTEMUNHA FIEL EM TODO O TEMPO – EM CADEIAS OU LIVRE, PASSANDO POR PROVAS E TRIBULAÇÕES OU EM DIAS DE PROSPERIDADE.

AS COISAS QUE ME ACONTECERAM – E AS QUE VÃO ACONTECER EM 2020 – CONTRIBUIRÃO PARA O AVANÇO DO EVANGELHO!

CRISTO SERÁ ENGRANDECIDO – SEJA PELA VIDA, SEJA PELA MORTE.

O VIVER É CRISTO – O MORRER É LUCRO.

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Aqui nos lembramos e oramos pela igreja perseguida em todo o mundo. Conheça a missão Portas Abertas.

Recomendo a mensagem "Paulo em Roma", de Guilherme de Carvalho, na qual baseei parte da reflexão acima.

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