A Árvore da Vida: a efemeridade de nossa existência

Luciano Motta

Não é simples falar de um filme como "A Árvore da Vida" (EUA, 2011, 139 minutos), do premiado diretor Terrence Malick. Depois de ler críticas profissionais e comentários a respeito do filme, uma palavra aparece em quase todas as resenhas: "experiência". Sim, são pouco mais de duas horas de imersão em uma experiência lúdica, um soberbo trabalho audiovisual que envolve nossos sentidos e sentimentos. Como não ser impactado pelas belíssimas imagens e a história que elas contam, sem palavras? Como não se identificar com o drama familiar exposto, com a ruptura entre pai e filho, com as crises de fé e de constituição da nossa própria existência? Não é um filme fácil, como não é a vida.

Sua narrativa não linear percorre desde a origem do mundo, passa pela era dos dinossauros, e chega até os dias atuais ou o que parece ser um futuro próximo. Porém, na maior parte do tempo, somos cúmplices do dia a dia de uma família americana típica dos anos 1950, que tem um pai rígido na criação de seus filhos e no trato com a esposa, um homem que não sabe lidar com suas próprias frustrações. As ações do pai marcam profundamente o filho mais velho - veremos esse último já adulto ainda deslocado, ainda sem encontrar um ponto de equilíbrio.

O título do filme remete à Árvore da vida que havia no meio do Jardim do Éden, conforme Gênesis 2.9 (sugiro que leia os três primeiros capítulos de Gênesis para se situar em toda a história). Adão e Eva sucumbiram ao pecado por comerem o fruto de outra Árvore: a do conhecimento do bem e do mal, proibida por Deus (Gênesis 2.17). Há correlação entre a história bíblica e o filme: Todos temos à nossa disposição um jardim tão precioso, cheio de graça, que é a própria vida, mas por causa de ações e escolhas infelizes prejudicamos a nós mesmos e também aqueles que estão à nossa volta - talvez alguns de nós ainda carreguem seus efeitos colaterais até hoje. Quantas pessoas passam anos e anos levando fardos e pesos insustentáveis, dores e feridas, como o filho mais velho do filme... E a vida passa.

Esse ponto talvez tenha sido minha maior "experiência" com o filme: a efemeridade de nossa existência.

Agora em dezembro fiquei muito mexido por dentro devido a duas fatalidades: o sobrinho de um amigo caiu de uma altura de 3 metros, batendo com a cabeça no chão e tendo afundamento do crânio. A criança mal havia completado seu 1º ano de vida. Outro fato muito triste foi a morte por câncer de um jovem senhor, cliente do escritório em que trabalho - a doença surgiu de repente e tirou-lhe a vida em pouco tempo. O homem tinha cerca de 45 anos.

E agora 2011 está se despedindo, tão rápido quanto chegou há 365 dias atrás.

A Bíblia está certa: "Nossos anos se dissiparam como um sopro. Setenta anos é o total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta. A maior parte deles, sofrimento e vaidade, porque o tempo passa depressa e desaparecemos" (Salmo 90.9-10). A vida é mesmo passageira. A mídia vende uma imagem de imortalidade ao homem, de eterna juventude, mas a verdade é que podemos partir a qualquer momento. Em "A Árvore da Vida" a família em tela sofre uma perda irreparável que abala a fé daquelas pessoas. Daí uma série de perguntas são lançadas ao expectador, questionamentos dos personagens e de todos nós. Nenhuma delas tem respostas simples. Muitas de nossas perdas não tem explicações, só mais perguntas.

A vida é mesmo um sopro, e nossa única segurança está Naquele que soprou e nos deu a vida. O salmista afirma: "Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria" (Salmo 90:12). Quem conta os dias, não desperdiça momentos, não se entrega a discussões tolas, não perde tempo. Quem busca um coração sábio deseja soluções para dilemas, conceitos e ideias que povoam os pensamentos. A sabedoria é prática e resolve conflitos, não se deixa levar por emoções ou por feridas da alma. E toda sabedoria vem de Deus: "O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos; o seu louvor permanece para sempre" (Salmo 111:10). Esse "temor" não significa medo, mas uma mente focalizada no Senhor, com alinhamento e expectativa total por Seu direcionamento.

Assim, sejamos gratos a Deus pela graça de rompermos mais um ano. Enquanto nos cabe viver, que nossos olhos se voltem para a Árvore da vida, uma figura do próprio Jesus. Façamos escolhas sábias, que promovam a vontade Dele, pois Ele sabe o que é melhor. Que nossas experiências de dor e perdas nos sirvam de degraus para subirmos e crescermos em direção Àquele que pode responder a todas as nossas questões e suprir todas as nossas necessidades. Esse 2012 que começa é mais uma oportunidade que temos de encher nossos corações e mentes de fé, esperança e amor Nele, por Ele e para Ele.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TODOS TE ADORAM

Adoração e serviço (Maria e Marta)

Atraídos para Deus