O princípio do Reino

Por Ronaldo Vicente, do blog  Lágrimas por Tua Causa.

{ Outra reflexão do irmão Zé Ronaldo. É um texto longo, sim, mas vale a pena toda a leitura, meditando em cada palavra e aplicação com calma e quietude. Como venho enfatizando o Reino de Deus nos últimos posts aqui do blog, entendo como é pertinente essa reflexão. Que possamos compreender e discernir o tempo e a época em que vivemos, a fim de não nos precipitarmos ante as promessas de Deus. }

Abrão: Sair da Terra, da Parentela e da casa do Pai.

A ordem do Senhor dita a Abrão vem acompanhada de três aspectos aparentemente iguais, mas na realidade são direcionados em sentidos diferentes. Vamos pesquisar melhor para termos uma compreensão mais clara dessas ordens.

Gn.12:1-3"Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àqueles que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra".

Como vimos no texto de Gênesis, a primeira atitude deste homem foi sair do contexto que vivia a setenta e cinco anos. É fato que Abrão já estava acostumado, seguro, tranqüilo e o pior, acomodado com sua vida. Nessa situação o Senhor o chama para uma conduta totalmente radical, sair e obedecer a uma voz que lhe direciona para abandonar toda estrutura de vida que há anos trabalhou, para ir por um caminho sem noção alguma, pois o Senhor não disse a princípio onde era a terra prometida.

Vejamos algo que pode nos dar um melhor entendimento: Abrão sai da sua terra como casal e não como família, pois Sarai era estéril (olhando apenas as duas figuras, não contando Ló e nem seu pai Tera). Não havia ainda uma figura representativa da união dos dois, para iniciar uma promessa vindoura. O interessante é ver que o Senhor diz a Abrão para sair do contexto que vivia, e depois promete uma segunda etapa do seu plano.

O que desejo enfatizar com esta questão é que o Senhor não quis iniciar pelo filho, mas pelo futuro pai no contexto em que estava vivendo. Para Deus tomar este caminho, podemos compreender que a forma em que Abrão vivia não permitia fundamento, ou base para uma inicialização do plano vindouro. O que deveria ocorrer em sua vida era abandonar todo este contexto, para viver um novo, conforme o Senhor estava dirigindo, vejamos:

Josué 24:2“Disse então Josué a todo o povo: assim diz o Senhor Deus de Israel: Além do Rio habitaram antigamente vossos pais, Terá, pai de Abraão e de Naor; e serviram a outros deuses. Eu, porém, tomei a vosso pai Abraão além do Rio, e o conduzi por toda terra de Canaã; também multipliquei a sua descendência, e dei-lhe Isaque”.

 Josué dirigido pelo Senhor reúne todo o povo além do Jordão, para lembrar como o Senhor iniciou o que eles estavam vivendo. Note que o texto revela Abrão com outros deuses, este era seu contexto, pois estava vivendo numa terra que não agradara ao Senhor. Abrão vivia como seu pai, e possivelmente teria o mesmo fim se não fosse o Senhor. Mas houve nesse tempo uma intervenção na vida de Abrão para um plano que envolveria toda a raça humana. Deus tira este homem da terra de seus pais, terra inapropriada para o plano vindouro, e o conduz numa caminhada dirigida por Ele, rumo a uma terra apropriada além do rio concluindo sua promessa.

Então podemos concluir que o primeiro passo de Abrão foi decisivo para o que Deus tinha em mente. Sair da terra onde estava para criar um contexto, uma vida, uma dependência total para receber uma criação que seria o canal para o plano do Senhor.

Abrão tinha setenta e cinco anos. Nestes anos é óbvio que ele viveu segundo o que aprendeu com seus pais, com sua terra, com sua cultura e com as próprias lutas diárias da vida. Então é fácil assegurar que em setenta e cinco anos, Abrão viveu segundo ele mesmo. E este segundo ele mesmo, não agradara ao Senhor, pois a primeira ordem de Deus é para que saia daquele lugar. Por quê? O que significa isto? A terra era a forma que vivia e sobrevivia segundo a sua cultura. Era a dependência da própria força e das próprias idéias, para manter seu próprio sustento. A individualidade, a concorrência, a sobrevivência, a lei do mais forte, o domínio cultural e a forma de viver, falando e transmitindo aos próprios descendentes. Esta forma que Abrão estava não colaborava para o plano que o Senhor desejava para todos.

Sair da parentela

Observe o Senhor enfatizar para Abrão outro item, dentro da primeira ordem que é de total importância, “sair da parentela”. Este homem estava em contato com pessoas que viviam num ambiente e numa forma de vida cômoda. Quando famílias passam a estarem juntas, elas tomam por si próprias a postura de criar uma forma de vida com preceitos, normas e princípios. Tornam-se preocupados apenas no seu bem estar, isto é normal, todo o homem tem esta natureza.

Com o tempo, estes preceitos tornam-se tão valorosos, que passam a ser leis mortais de causas jamais violadas. Princípios que pela lógica, devem ser mantidos por uma eterna descendência, valorizando nomes carnais, posturas criadas às vezes por mentes corrompidas e atitudes individualistas, que visam apenas o próprio manter familiar.

Sua parentela representa pessoas que estão mais preocupadas em manter a prioridade numa descendência, do que preocupadas se estão vivendo corretamente perante o Altíssimo. O que Abrão poderia dizer contra estas questões? Ele estava neste contexto, mas não poderia ir contra, pois esses preceitos estavam em sua mente. Obviamente que se tivesse um filho neste ambiente, sua postura seria manter estes princípios familiares.

Mas não o recebeu graças ao Senhor, pois a esterilidade de Sarai não era à toa. A mão do Senhor estava segurando para o tempo certo. A madre de Sarai é aberta na peregrinação de Abrão, após anos longe de sua parentela. Anos que fizeram Abrão ter novos princípios voltados ao propósito que o Senhor havia chamado.

Sair da casa do pai

Também há uma terceira ordem, sair da casa do seu pai. Este último seria o mais importante. Vejamos o exemplo da união entre duas pessoas que se tornam uma, passando a estar em concordância com o Senhor. Há união representa uma nova direção da vontade que Deus deseja implantar para o casal, sobre princípios na sua futura família, sem a interferência humana. Para isto o casal deve estar ligado ao Senhor, ouvindo e passando por novas etapas na vida, sendo orientados e criando um fundamento na base da vontade de Deus.

Então levantamos uma questão: Como Deus poderia trazer este novo para Abrão, se ele ainda estava ligado em seus pais? A ordem do Senhor para Abrão não era abandonar seus pais carnais, numa compreensão de negligenciá-los. Mas era dar um basta na ligação e interferência que seus pais inconscientemente exerciam sobre sua vida.

Deus tinha algo novo para o homem, e este novo não poderia ter a interferência da raça humana. O cordão paterno tinha de ser cortado e ligado com a direção divina, para a continuação de uma genealogia que imperasse a vontade direta do Senhor. O plano de Deus para Abrão era formar não apenas homens convencidos em mentes, sobre as verdades das boas novas, mas o sonho do Senhor para as nações era criar pais carnais com figuras representadas do próprio Deus, para que a nova geração soubesse em quem se espelhar, deixando de lado qualquer princípio humano.

Estes foram os três primeiros passos da primeira ordem que o Senhor deu a Abrão. É tão relevante ressaltar que em Abrão está o inicio de algo perdido no Éden. Se voltarmos, iremos ver como Deus vinha ter comunhão com Adão (Gn.3:8).

Esta comunhão foi interrompida porque o homem desejou seguir suas idéias sem a intervenção divina. Adão perdeu a direção do Senhor em sua vida por causa do pecado, que passou a ser um instrumento invasor na vida do homem, mantendo uma dura parede para a comunhão pessoal com Deus.

Com isto podemos analisar um maior estrago, que foi à desfiguração do primeiro homem como imagem de Deus, em vida e em família. O homem se tornou numa figura caída e dominada pelos desejos carnais apresentado ao mundo. Posteriormente tornou-se figura exemplar para os futuros filhos se espelharem, criando por si próprio uma descendência caída sem a imagem de Deus. Esta era a herança de Abrão, vinda pelos pais e que o mantinha aprisionado a viver um seguimento fora da vontade divina.

Novamente enfatizo a ordem do Senhor: Saia da tua terra Abrão, saia da tua parentela e da casa de teu pai. Para que? Para sair desta desfiguração, que veio como carga de longos anos trazidos pelas famílias, de gerações em gerações. A ordem do Senhor não estava apenas vinculada ao material, ao palpável, ao que podemos ver ou sentir. Mas estavam centradas numa obra criada em perfeição (homem) que estava imperfeita (por causa do pecado) que vinha acompanhando pais, filhos, famílias, idéias, educação, aprendizado, postura, conduta, criação de culturas, formas de viver, princípios originais, normas exemplares, leis em povos e reinos futuros.

Deus não só estava restringindo seu plano a uma determinada classe ou a um determinado povo. Ele estava tirando uma imagem caída de forma visível, Abrão, e levando-o para fora deste círculo, para com sua própria natureza o educar, preparando-o segundo sua vontade, para abrir caminho e firmar uma terra aonde pudesse estar preparada para seu plano vindouro.

O que nós podemos ver com todo este plano, é que o novo viria a Abrão, a partir do momento que ele abandonasse literalmente o “velho”, herdado por esta linhagem decaída. Quando Abrão assume a postura de deixar o que há setenta e cinco anos se acostumara a fazer e a viver, para tornar-se dependente total do Senhor e seguir suas vontades, o novo de Deus passa a ser iniciado em sua vida, para começar a se abrir para todas as nações. Só a partir deste posicionamento, é que Deus começa a atuar na vida de Abrão.

A promessa do filho só vem após sair da terra

Gn.12:1-3“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àqueles que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. 

Atualmente nós queremos o novo sem sair do velho. Queremos que a madre abra para termos o filho da promessa neste contexto que vivemos. Pense comigo: Porque o Senhor só abre a madre de Sarai depois que eles saem da terra? Como analisamos o lugar e a própria vida de Abrão, não estavam apropriados para receber um filho que seria canal desta promessa.

Obviamente que se recebessem o filho, algo de errado iria acontecer. Pois suas vidas não estavam preparadas para educar este filho em ser um futuro canal para todas as famílias da terra.

Nós (igreja) queremos o filho para discipliná-lo com a mente nojenta que herdamos de nossos pais. Cremos estar certos para educar o “Isaque”, mas precisamos entender que para o Senhor liberar a madre, temos que sair do velho contexto, da velha terra. O Senhor não vai abrir a madre, porque Ele sabe que estamos vivendo num contexto aonde seus planos não podem ser concluídos, pois ainda vivemos por aquilo que desejamos, queremos causas que irão beneficiar a nós mesmos ou ao nosso convívio. Oramos por nós, e por aqueles que estão ligados a nós. Exaltamos nossas idéias como vindas do trono de Deus. Somos tribos dentro de um reino, e o pior, tribos que seguem sem um Senhor comandando, porque nos achamos capazes de criar ou ditar regras para O servirmos melhor.

Então eu pergunto: Como o Senhor pode liberar a madre se ainda estamos vivendo e tendo uma vida como esta? Uma vida estagnada na terra que herdamos dos nossos pais, e que não queremos de maneira alguma sair. Esta é a verdade que opera na nossa Igreja atual. Queremos o Isaque, o filho da promessa, mas não queremos sair da terra onde estamos acostumados a viver. Onde já estamos estruturados, convictos com a obra, sem importar se estamos no verdadeiro fundamento posto por Cristo.

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