O comércio e o Evangelho

De Eduardo Mano | Leia o artigo original aqui

{ Uma reflexão muito pertinente sobre os rumos atuais do "mercado gospel" e sua influência nas igrejas. Tudo a ver com o que falamos a respeito do herói e os últimos dias. Muitos "ministros" cristãos têm se conformado com o presente século. }

Antes de mais nada, eu vendo CDs. Como vocês já estão carecas de saber, eu os disponibilizo para download gratuito aqui no blog e no facebook, mas quando vou nas igrejas tocar, levo algumas unidades do CD físico e o vendo por, em média, 12 reais. Não exijo que ninguém o compre (na verdade, eu SEMPRE aviso a todos que podem baixar o trabalho gratuitamente).  Mesmo assim, a venda do CD me constrange (pergunte a qualquer um que toca ou tocou comigo se isso não é verdade). Me constrange pois creio que canto o Evangelho, e o Evangelho não deveria ser vendido, mas sim distribuído gratuitamente a TODOS – e estou tomando providências para corrigir isto. Além disso, a Virá lançou uma camiseta com a ilustração da letra de uma de minhas músicas, mas até sobre isso já tomei providências. Com isso prossigo, sabendo da culpa que carrego.

Nos últimos dias fomos informados pela “salutar” indústria gospel que um artista lançaria uma linha de bonecos com seu nome. Além disto, uma “bispa” e um “apóstolo” lançaram, respectivamente, suas linhas de cosméticos e perfumes. Não são poucos os produtos que carregam o nome de pastores e líderes ou a marca de algum ministério. Não me refiro a livros, que em muitos casos trazem conhecimento ao povo. Falo de linhas de produtos pessoais que tem por único motivo de existência o enriquecimento de empresas e “personalidades” que, não se importando com aqueles que os seguem, insistem em arrancar deles até o último centavo.

Eu tenho andado muito preocupado com o rumo que as coisas têm tomado. Simplesmente pelo fato de ver muito do humano em tudo que o mercado tem produzido, e pouco do espiritual, do sagrado, da água viva. Se vivemos o Evangelho, vivemos para a glória Daquele que dizemos servir. Não para a nossa glória. Não para o nosso enriquecimento.

O salmo 69 diz, no verso 6, o seguinte: “Não sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, DEUS dos Exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel.” Nosso caminhar é determinante para a pregação do Evangelho – nossa vida deve ser uma extensão daquilo que falamos, cantamos e pregamos. Se pregamos a Cristo, e este, crucificado (ou seja: morreu por nós a nossa morte), como podemos nos atentar a coisas tão mundanas, e distrações tão infantis? Temos servido de escândalo e pedra de tropeço a muitos de nossos irmãos na fé, e isso é motivo de pranto, não de júbilo.

Nosso tempo na terra não é longo, é curto. Nosso tempo aqui é de semear o Evangelho de Cristo e trabalhar para a expansão de Seu Reino; não é um parque de diversões. Literalmente há vidas que precisam de nós, mas estamos muito ocupados com nossos guarda roupas, nossos carros novos, nossa vontade de compartilhar a aquisição de bens, gadgets, coisas. E fazemos isso dizendo que Deus nos abençoou. Mas na hora do aperto, esquecemos de dizer que Deus também nos tem abençoado com perseverança para aguentar os tempos ruins. Não queremos compartilhar a simplicidade do Evangelho.

Precisamos mudar nossa postura e nosso caminho. Quem de nós pode dizer como o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 11:1, “tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo”? Não nos esqueçamos que até o apóstolo Pedro foi repreendido por agir de maneira diferente a qual pregava, em Gálatas 2. Estamos com os bolsos tão cheios de moedas, que somos obrigados moralmente a compartilhar isso com os que precisam. Mas o que temos feito? Enriquecido. Engraçado que o poder de Deus foi manifestado através de Pedro e João justamente quando seus bolsos estavam vazios, como lemos em Atos 3 (leia o texto todo no link): “Disse Pedro: ‘Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande‘”. Reparem bem: “o que tenho, isto lhe dou”. Se eles tivessem moedas, dariam moedas. Se o seu bolso está cheio delas, dê delas. Mas quando estiver vazio, dê o próprio Cristo. Algumas celebridades gospel têm os bolsos tão cheios que não dá pra entregarem a Jesus, e muito menos as moedas.

Cristo é mais glorificado em nós quando nossa satisfação é Nele, e não em produtos.

Que Ele nos corrija, a fim de O servirmos da melhor forma possível.

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