Ordem - Parte 1

Luciano Motta

Nosso Deus é de ordem. O mundo subsiste por causa dos limites que Ele mesmo colocou: oceanos e mares não invadem os continentes, dias não ultrapassam seus ciclos de 24 horas, planetas não modificam involuntariamente suas órbitas. Tudo foi criado com organização, cada elemento em seu lugar, um após o outro, e tudo a partir de uma palavra de ordem: "Haja".

Isso também é parte dos seres humanos. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Ao homem foi delegado o domínio da terra, o nomear dos animais, enfim, viver nas mesmas bases de organização de seu Pai Criador. Mas bastou uma ordem ser descumprida para que o caos que havia antes da criação retornasse: o Senhor havia determinado que Adão e Eva não comessem do fruto da Árvore do conhecimento do bem e do mal. O pecado deles contaminou tudo. Assim, milênios mais tarde, chegamos a 2012 ainda sob as consequências daquela desobediência, vivendo talvez no auge da desordem humana, em todos os níveis.

Obviamente não menosprezamos Cristo e Seu sacrifício na cruz, que veio para nos redimir do caos e nos tirar do império das trevas para o Reino de Seu amor. Em Cristo, só Nele, podemos ser reintegrados novamente à ordem, ao governo. E todas as coisas estão agora mesmo convergindo para Cristo e Seu Reino, apesar do caos ainda crescente, apesar de nossas fragilidades e bagunça interior, apesar da igreja se parecer uma turba de vozes e sons em desarmonia.

O propósito de Deus é ter filhos semelhantes a Jesus, estabelecendo o Seu Reino. Homens e mulheres que são a própria encarnação da ordem de Deus - "Haja" - como Cristo o foi. Isso é mais do que uma declaração, é uma disposição do coração que leva a uma ação real, zelosa e urgente.

Infelizmente, vemos como essa disposição está contaminada por diversas práticas ditas evangélicas tão em voga: a confissão positiva, o determinar de bênçãos e vitórias, o declarar de palavras "fortes" para repreender principados e potestades de nações. Veja bem: uma palavra, por ela mesma, por mais bonita e impressionante que seja, não tem peso algum. Canções e orações não são proféticas só porque suas letras e expressões assim o sugerem. Uma sentença é só uma sucessão de vocábulos com algum significado lexical e semântico se não estiver impregnada da autêntica vida de Deus, se não houver testemunho entre céus e terra de que aquele que fala vive o que fala, conforme a vontade Daquele que fala, por meio do Espírito Santo.

Tudo o que for diferente disso levará a mais confusão. Um exemplo: É bem verdade que devemos abençoar com nossos lábios. Mas a língua é um mal indomável (Tiago 3.8). Se o coração não estiver cheio da vida de Deus, haverá contradição - a mesma boca proferindo bênção e maldição, a mesma árvore produzindo frutos bons e maus. Isso é o mesmo que desordem, caos. Quantas pessoas bendizem no culto de domingo e maldizem na semana! Somente cheios da vida e da mente de Cristo teremos condições para uma fé coerente, um testemunho da ordem que há em Deus e em Seu Reino.

Podemos e devemos nos movimentar nessa perspectiva. Precisamos abandonar o que o mundo moderno designa como prioridade. Adão e Eva comeram do fruto da Árvore do conhecimento do bem e do mal - e isso é o mesmo que perseguir uma vida boa, feliz, próspera, deixando Deus de fora, à margem. Já sabemos que o resultado dessa busca é o caos, o pecado. O fim é a morte. Pois talvez a morte, sorrateira como a serpente, esteja cirandando as três áreas relacionadas abaixo sem que a percebamos em um primeiro momento, à espera do certeiro bote:

1- Ordena a tua devoção

Precisamos desenvolver e construir nosso relacionamento com o Pai ao ponto de edificarmos um lugar para Ele habitar, um espaço individual e coletivo onde a vida do Corpo possa fluir sem impedimentos. A devoção pessoal e familiar interfere na vida comunitária - se ela é forte, então os relacionamentos interpessoais também o serão. É urgente cessar o ciclo de congregações fragmentadas por partidarismos, de denominações que não se comunicam, tampouco se unem em prol do Reino. É tempo de basearmos novamente nossas movimentações a partir da vontade de Deus, revelada depois de encontros sucessivos com Ele.

{ Tratamos recentemente a respeito de nossos encontros com Deus e de nossas movimentações subsequentes em resposta. Seria muito importante que você lesse os três artigos, também relacionados à devoção pessoal e coletiva: comece aqui pela 1ª parte }

Continua...

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