Igreja: Comunidade de Amor - Parte 4

Luciano Motta

Estou postando no blog uma série de palavras a respeito da igreja e seu caráter comunitário (em breve esse conteúdo estará em livro). Predomina no texto a organização em tópicos, por isso nos marcadores aparecem "artigos" e "esboços".

// CONFIRA AQUI AS PARTES ANTERIORES:

(1)  (2)  (3) 

Barnabé: um exemplo de vida em comunidade

Antes de falarmos propriamente de Barnabé, vale retomarmos alguns dos acontecimentos anteriores ao seu aparecimento nas Escrituras.

Os discípulos permanecem em Jerusalém (Atos 1). O Espírito Santo é, então, enviado (Atos 2). A igreja do primeiro século se expande rapidamente. Três mil se convertem na pregação de Pedro (Atos 2.41).

Pedro e João vão ao templo (Atos 3). Um aleijado de nascença é curado na porta do templo, chamada Formosa. O povo corre para junto deles no pórtico de Salomão – uma passagem coberta ao leste do pátio externo do templo. Jesus andou nesse lugar, onde disse: “minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (João 10.27). O pórtico de Salomão havia se tornado um lugar de encontro dos discípulos depois da ascensão de Jesus.

Pedro novamente prega para a multidão. Ele anuncia Jesus ressuscitado. Os capitães dos guardas do templo e os saduceus ficam muito incomodados e prendem Pedro e João até o dia seguinte (Atos 4). Mas o número de convertidos aumenta para cinco mil.

Depois de interrogados pelo sinédrio, Pedro e João são soltos sob uma condição: que não falem mais de Jesus. Porém, os apóstolos e aqueles primeiros cristãos se reúnem e clamam ao Senhor para que continuem a levar as boas novas do Evangelho. Diz a Palavra:

"Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem a tua palavra com toda coragem, enquanto estendes a mão para curar e para realizar sinais e feitos extraordinários pelo nome de teu santo Servo Jesus. E, quando terminaram de orar, o lugar em que estavam reunidos tremeu. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a anunciar com coragem a palavra de Deus" (Atos 4.29-31).

Eles tinham um mesmo coração. Todas as coisas lhes eram comuns.

É nesse contexto, após todos esses acontecimentos que marcam o começo da igreja, que conhecemos BARNABÉ:

"A multidão dos que criam estava unida de coração e de propósito; ninguém afirmava ser sua alguma coisa que possuísse, mas tudo era compartilhado por todos. E com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos havia imensa graça. Pois não existia nenhum necessitado entre eles; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o valor do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade. Então José, a quem os apóstolos chamavam Barnabé (que significa filho de consolação), levita, natural de Chipre, possuindo um terreno, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos" (Atos 4.32-37).

Vamos começar a aprender com a sua vida:

1- Um homem destacado pelo seu CARÁTER

A indicação “levita” aponta sua linhagem sacerdotal, enquanto “natural de Chipre” indica que Barnabé era judeu, levita, porém nascido em uma terra pagã. Ele era um homem apropriado para pregar o Evangelho aos gentios, assim como Paulo.

Por que os apóstolos passaram a chamá-lo com outro nome?

Para os judeus, o nome de alguém deve denotar o seu caráter e a sua vida. Os apóstolos achavam que o nome "José" – comum naquele tempo – não indicava corretamente o caráter singular de um homem fora do comum.

Barnabé significa "filho da consolação" (4.36), ou “filho de exortação” e também "o filho da profecia". Esse nome significa propriamente “exortação, súplica, petição ou defesa”, características acompanham toda a história de Barnabé.

Você tem sido destacado na comunidade / na sua família / no seu local de trabalho / na faculdade por suas qualidades de caráter? Como você é reconhecido?

2- Um homem em sintonia com o CORPO DE CRISTO

A igreja do primeiro século era marcada por uma vida comunitária extraordinária: “A multidão dos que criam estava unida de coração e de propósito; ninguém afirmava ser sua alguma coisa que possuísse, mas tudo era compartilhado por todos” (4.32)

Barnabé não fica de fora do que Deus estava realizando ali: “possuindo um terreno, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos” (4.37).

Com essa atitude, Barnabé levanta um padrão de generosidade e integridade. Sua atitude condena posteriormente Ananias e Safira (Atos 5), um casal que vende uma propriedade para doar na comunidade dos que criam, mas fica com uma parte do valor. Deus está levantando um povo íntegro em nossos dias, pessoas com um coração inteiro na obra, gente generosa, que vai ferir aqueles que estão "pela metade" no que o Espírito Santo está fazendo.

Dízimos, ofertas, contribuição, liberalidade, proatividade... Não podemos ficar à margem da vida em comunidade.

3- Um homem ACOLHEDOR

Barnabé acreditou na conversão de Paulo e o tomou como discípulo quando muitos duvidaram de sua conversão:

"Ao chegar em Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele e não acreditavam que ele fosse um discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara corajosamente em nome de Jesus. Assim, ele passou a andar com eles livremente em Jerusalém, pregando com coragem em nome do Senhor. Falava e debatia também com os judeus de cultura grega; mas eles procuravam matá-lo. Quando os irmãos souberam disso, levaram-no até Cesareia e o enviaram a Tarso. Assim, a igreja desfrutava de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria, sendo edificada e vivendo no temor do Senhor. E crescia em número, pela coragem vinda do Espírito Santo" (Atos 9.26-31).

4- Um homem BOM, cheio do ESPÍRITO SANTO e de FÉ

"Os que foram dispersos pela tribulação que se deu por causa de Estêvão foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia, anunciando a palavra apenas aos judeus. Mas havia entre eles alguns que tinham vindo de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando o evangelho do Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles, e um grande número de pessoas creu e se converteu ao Senhor. Quando a notícia sobre essas coisas chegou aos ouvidos da igreja em Jerusalém, enviaram Barnabé a Antioquia. Ali chegando, Barnabé alegrou-se ao ver a graça de Deus e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de coração; porque era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor" (Atos 11.19-24).

5- Um homem sensível à voz do ESPÍRITO SANTO

Barnabé foi parceiro de Paulo na primeira viagem missionária, depois de um tempo de jejum e oração:

"Na igreja em Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que havia crescido com o governante Herodes, e Saulo. Enquanto cultuavam o Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra para a qual os tenho chamado. Então, depois de jejuar, oraram e lhes impuseram as mãos; e deixaram que partissem. Assim, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre" (Atos 13.1-4).

Paulo e Barnabé – um apóstolo e um profeta. Esse é o modelo indicado nas Escrituras para a fundamentação da igreja:

"Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra de esquina. Nele, o edifício inteiro, bem ajustado, cresce para ser templo santo no Senhor, no qual também vós, juntos, sois edificados para morada de Deus no Espírito" (Efésios 2.19-22).

6- Um homem sensível AO OUTRO

O caráter acolhedor e discipulador de Barnabé (aquele que exorta, defende) também se mostra no começo da segunda viagem missionária, quando decide se separar de Paulo para permanecer com João Marcos, seu primo:

"Decorridos alguns dias, Paulo disse a Barnabé: Vamos visitar os irmãos em todas as cidades onde anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão. E Barnabé queria levar também João, chamado Marcos. Mas para Paulo parecia não fazer sentido levar consigo quem desde a Panfília havia se afastado deles e não os acompanhara no trabalho. E a divergência entre eles foi tão grave que se separaram um do outro. E Barnabé, levando Marcos consigo, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido Silas, partiu, confiado pelos irmãos à graça do Senhor. E passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas" (Atos 15. 36-41).

Tempos depois, lemos nas epístolas que João Marcos foi levantado novamente e reintegrado ao serviço, mencionado pelo próprio Paulo como alguém muito útil em seu ministério (2 Tim 4.11, Col 4.10).

Estamos dispostos a caminhar com aqueles que são imaturos na fé – gente que dá trabalho – para exortá-los, discípulá-los, cuidar deles, até que estejam aptos para o ministério? Barnabé preferiu sair de cena por causa do cuidado de uma pessoa!

"Espero no Senhor Jesus em breve vos enviar Timóteo, para que eu também me anime, recebendo notícias vossas. Porque não tenho nenhum outro com esse mesmo sentimento, que sinceramente cuide do vosso bem-estar. Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus. Mas sabeis que ele deu provas de si e, como um filho ao lado do pai, serviu comigo em favor do evangelho" (Filipenses 2.19-22).

Esse é o tempo em que vivemos: “todos buscam o que é seu”. Mas a igreja do primeiro século tinha Barnabé, tinha Paulo, tinha Timóteo... A igreja dos últimos dias precisa de gente que busca o que é de Cristo!

Barnabé foi um profeta, um sacerdote...
Um homem conhecido pelo seu caráter (integridade, generosidade);
Um homem em sintonia com o Corpo de Cristo (vida em comunidade);
Um homem acolhedor;
Um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé;
Um homem sensível à voz do Espírito Santo;
Um homem sensível ao outro.

Nós precisamos ser como um Barnabé em nossa geração!

Leia também:
https://www.obreiros.com/fatos-e-relatos/146-barnabe-o-filho-da-consolacao

Em breve a próxima parte desta série...

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